O professor de canto, de 26 anos, investigado por supostamente oferecer “chá de sêmen” para alunas, publicava vídeos tocando instrumentos musicais e cantando em igreja. Segundo as investigações da Polícia Civil, Hallan Richard Morais da Cruz alegava para as vítimas que o líquido iria melhorar a garganta e cordas vocais.
Duas vítimas procuraram a polícia após desconfiarem do comportamento do falso professor. Uma delas percebeu que a bebida oferecida, que seria um chá, tinha características suspeitas e parecida sêmen e acionou as autoridades, de acordo com a TV Anhaguera.
Durante a investigação, foi confirmado que o líquido se tratava de sêmen do próprio suspeito. Além disso, ele filmava as jovens enquanto ingeriam a substância. Em depoimento, o homem confessou o crime.
Em vídeos publicados pelo suspeito em uma rede social, ele aparece tocando bateria, guitarra e violão, além de cantar com mulheres.
Hallan Richard foi preso em flagrante no dia 25 de abril, em Luzimangues, distrito de Porto Nacional. Porém, durante uma audiência de custódia na manhã deste domingo (27), o professor teve a prisão convertida para preventiva. A decisão foi assinada pelo juiz Willian Trigilio da Silva, do plantão de 1º instância do Tribunal de Justiça do Tocantins.
O professor está sendo representado pela Defensoria Pública. O órgão informou que foi inserido automaticamente no processo pela Justiça, após ele não apresentar uma defesa particular. Também afirmou que deve continuar dando assistência ao professor durante os procedimentos judiciais, enquanto ele não apresentar um advogado.
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Hallan Richard foi preso por suspeito de oferecer o próprio sêmen dentro de chá para alunas. — Foto: Reprodução/ Redes sociais
Vídeos de alunas ingerindo chá foi entregue à polícia
O irmão de Hallan Richard Morais entregou à polícia um aparelho onde supostamente eram armazenados os vídeos das alunas ingerindo o ‘chá’ com sêmen. Além dos vídeos das vítimas, foram encontrados conteúdos pornográficos envolvendo outras mulheres e crianças em Luzimagues.
O aparelho foi entregue na Central de Atendimento à Mulher, em Palmas, no sábado (26). Conforme o Termo de Declaração, que o g1 teve acesso, o irmão contou à delegada que fez buscas pelo quarto do professor, que mora com os pais, e encontrou um HD externo em uma escrivaninha.
Ao verificar o aparelho de armazenamento, o familiar identificou que havia pelo menos quatro vídeos de mulheres ingerindo o líquido. Também foi encontrado um vídeo do professor se masturbando e filmando crianças em um lote, além de fotos de mulheres em vários locais do Distrito.
O caso será investigado pela 72ª Delegacia de Polícia do Distrito de Luzimangues.
Nota de repúdio da família
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Hallan Richard Morais foi preso suspeito de tentativa de violação sexual em Luzimangues — Foto: Divulgação/Portal Agência Tocantins
Nas redes sociais, a família do investigado publicou uma nota de repúdio afirmando que repudia as condutas ilícitas de Hallan Richard. “Ante a gravidade e reprovabilidade, bem como a repercussão do caso, a família atravessa um momento de grande sofrimento e se solidariza com as possíveis vítimas e seus familiares, com votos para que a justiça seja feita”.
O irmão, que é empresário, chegou a publicar uma outra nota informando que a menção de sua empresa na conta do Instagram de Hallan foi feita quando o professor prestou serviços em setembro e outubro de 2023, mas que desde aquela época ele estava afastado das atividades.
Audiência de custódia
O professor de canto passou por audiência de custódia no domingo (27), onde teve a prisão convertida para preventiva. A decisão foi assinada pelo juiz Willian Trigilio da Silva, do plantão de 1º instância do Tribunal de Justiça do Tocantins.
No documento, ele afirma que, considerando as provas apresentadas no processo, o investigado representa um risco à sociedade e por isso descarta a possibilidade da liberdade provisória com medidas cautelares.
“A liberdade do suspeito se tornou, em tese, um risco concreto às vítimas e coloca em risco a ordem pública, além de considerar que o suspeito é professor de música das ofendidas, não havendo outra solução a não ser a decretação da medida extrema de restrição de sua liberdade. Não se trata, pois, de presumir a culpa, até porque isso não seria possível, mas sim de reconhecer a presença de um risco, razoavelmente fundamentado, e lançar mão de medida cautelar para evitá-lo e, com isso, garantir a ordem pública, que é abalada pela liberdade daqueles que reiteram na conduta ilícita“, escreveu o juiz.
Conforme o documento, apesar de o professor ter afirmado durante audiência de custódia que não respondia por outro crime, a leitura da certidão de antecedentes apontou que ele é investigado por um suposto estupro de vulnerável.
“Sob uma acurada análise do caso, observo que a liberdade do autuado representará concreto risco à ordem pública, porquanto ele está habituado a transgredir os bens jurídicos salvaguardados pelo Direito Penal”, afirmou o juiz.
Íntegra da nota da Defensoria Pública
A Defensoria Pública do Estado do Tocantins informa que a pessoa citada pela reportagem foi assistida pela Instituição durante a audiência de custódia, haja vista que não apresentou defesa particular (advogado ou advogada) até a audiência. Em casos como esse, a Defensoria Pública é automaticamente inserida ao processo pelo sistema de Justiça para atuar a fim de garantir o contraditório, entre outros direitos. O citado continuará sendo assistido da Instituição se não apresentar defesa privada.