Em 2016, após ser demitida sem justa causa da faculdade onde lecionava e enfrentar um princípio de depressão, a advogada Cláudia de Marchi tomou a decisão de abandonar a carreira jurídica de 11 anos, trocar a vida regrada em Sorriso (MT) pela badalação de Brasília (DF) e se transformar na acompanhante de luxo Simone Steffani.
Anos depois, fez o caminho inverso: voltou para o Rio Grande do Sul para retomar a advocacia e a vida acadêmica. Agora, lançou o livro “Caótica” para contar a experiência na prostituição e refletir sobre a vida.
“Eu lancei o livro chamado “Caótica”, que sintetiza meus dois últimos anos de uma vida que ainda era de cortesã. Na verdade, eu declinei dessa vida em 28 de novembro de 2022. Depois, engatei um relacionamento com um homem casado e foi meu inferno.
O livro conta histórias que eu nunca revelei antes sobre prostituição, casamento, abuso psicológico e físico. Como todo texto autobiográfico, não há garantia de ser totalmente verídico. Enfim, é minha visão acerca dos percalços que vivi. No livro em si, não estou comprando briga com ninguém. Simplesmente, trago a verdade da vida da Cláudia. É bem interessante”, diz Cláudia de Marchi ao RDNEWS.
No entanto, Cláudia de Marchi rejeita comparações com Raquel Pacheco, a Bruna Surfistinha, que chegou a ser a garota de programa mais famosa do país e, ao abandonar a prostituição, lançou o livro “O Doce Veneno do Escorpião”. A história, inclusive, se tornou filme protagonizado pela atriz Deborah Secco.
Segundo Cláudia, são situações totalmente distintas. Enquanto Bruna Surfistinha entrou na prostituição ainda adolescente, ela argumenta que sua decisão foi pensada e madura.“Não menosprezando a história da Raquel Pacheco, mas eu tomei a decisão de me tornar acompanhante já madura, estudada, graduada, pós-graduada, sabe? Era outra situação, e eu acho que foi justamente isso que atraiu tanta curiosidade para mim, para a minha existência. Jornais como The Sun, Daily Mail, Daily Star, por exemplo, só para citar os do Reino Unido, repercutiram a minha história.
Eu tive esse auge e, aos poucos, terminei voltando para o Rio Grande do Sul, em uma fase de celibato total”, completou a autora, lembrando da repercussão mundial da reportagem “Feminista, esquerdista e ‘cortesã’: advogada se torna acompanhante”, publicada pelo em 2016, que foi reverberada por veículos do Sri Lanka, Bélgica e México.
Sobre o relacionamento com um homem casado após abandonar a vida de cortesã, Cláudia diz que a experiência “violentou seus princípios”. O assunto também é abordado em “Caótica”.
“A gente tem os nossos princípios basilares, e dentro dos meus princípios, está nunca ficar com um homem casado. Ele se sentiu, assim, meu dono, e, nesse contexto, eu comecei a me trair de forma muito dolorosa. Amante é a pior posição que uma mulher pode assumir na vida de um homem. É algo que não tem dignidade. A amante é a prostituta sem dignidade. E eu vivi esse calvário por um tempo, mas já passou, e eu vou superar. Não posso dizer que estou 100% recuperada, mas passou”, conta.
“Caótica” foi lançado no último dia 29 de março pela Editora Bestiário, de Porto Alegre. A obra pode ser adquirida neste link.
“As pessoas que compraram, pelo menos, gostaram muito, se sentiram acolhidas, e acho que às vezes a gente escreve, quem é escritor, para que as pessoas se sintam abraçadas com aquilo que escrevemos”, concluiu.
Em 2017, Cláudia já havia lançado “Contra a Maré, Minha Vida em Crônicas” e “Crônicas da Vida”. A obra é uma seleção dos melhores escritos compostos por ela entre 2003 e 2016, ano em que deixou Mato Grosso e se tornou acompanhante de luxo.
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