Um fim de semana de diversão com a família ou amigos em rios, lagos ou cachoeiras pode, em questão de segundos, transformar-se de um momento de relaxamento em um verdadeiro pesadelo, uma saga angustiante em busca de um familiar desaparecido.
Em 2024, foram registradas 127 mortes por afogamento em Mato Grosso, segundo dados da Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp). Cuiabá lidera a lista com 19 ocorrências, seguida por Várzea Grande, com 15, e Sorriso, com sete casos.
Chapada dos Guimarães, localizada a 67 quilômetros da Capital, está logo abaixo na lista, com quatro ocorrências, ficando atrás de Sinop, que registrou cinco mortes, e empatando com Nova Canaã do Norte, que também teve quatro casos.
Nos meses de janeiro, abril, junho, julho, agosto, setembro, outubro e novembro, Mato Grosso registrou entre 10 e 15 casos de afogamentos em diferentes cidades. Abril e outubro lideram a lista, com 14 e 15 ocorrências, respectivamente.
Segundo a Sociedade Brasileira de Salvamento Aquático (Sobrasa), a cada 90 minutos um brasileiro morre afogado. Confira os dados completos levantados pela Sesp.
Imprudência
O diretor-adjunto da Diretoria Operacional do Corpo de Bombeiros e especialista em mergulho, Major Felipe Mançano Saboia, afirmou que a principal causa dos afogamentos é a imprudência dos banhistas.
Segundo ele, o excesso de confiança na própria capacidade de nadar, o uso de bebidas alcoólicas e a falta de equipamentos de segurança são os fatores mais recorrentes nesse tipo de acidente.
“A gente tem um mix de superestimar as capacidades e subestimar os riscos. Tanto subestimar a localidade, não gerenciar o risco, a profundidade e a força da correnteza, quanto superestimar as capacidades individuais. A pessoa acha que nada muito bem, que não vai ter câimbra, que pode se posicionar em qualquer lugar e que o acidente não vai acontecer”, afirmou o especialista.
“O uso de embarcações sem colete salva-vidas e sem condutores habilitados também está entre os principais riscos. Muitos pescadores sofrem quedas e acabam se afogando. São esses os maiores problemas nos casos de afogamento em cursos d’água”, acrescentou. Além dos rios e lagos, o especialista alertou que há registros de afogamentos em piscinas residenciais e até em baldes e banheiras, principalmente envolvendo crianças pequenas.
“A falta de supervisão de pais e responsáveis, mesmo em clubes e condomínios com guarda-vidas, não isenta a responsabilidade sobre a supervisão dos filhos, principalmente quando se tem um grande número de pessoas”, disse.
Risco iminente Na Capital, o Rio Cuiabá concentra o maior número de atendimentos na área de mergulho e resgate. Já em Várzea Grande, o alto índice de afogamentos na Passagem da Conceição levou à implantação da Operação Águas Seguras, realizada pelo Corpo de Bombeiros em parceria com a Secretaria de Estado de Segurança e a Polícia Militar. Apesar dos altos índices de ocorrências nesses locais, Saboia disse que todos os rios do Estado apresentam riscos, independentemente da quantidade de mortes registradas.
“É difícil mensurar. Não nos referimos ao risco do rio pela quantidade de óbitos que houveram nele. Todos os rios são perigosos, independentemente da quantidade de acidentes”.
Dificuldades nos resgatesAs principais dificuldades enfrentadas pelos bombeiros durante os resgates envolvem a baixa visibilidade da água, a correnteza forte e o tempo de resposta.
“Quanto mais tempo passa, mais difícil se torna a localização da vítima, pois ela pode ser arrastada para outro ponto. Além disso, a maior parte dos riscos varia muito de ambiente. Enfrentamos obstáculos como vegetação, pedras submersas, além de redes de pesca descartadas inadequadamente”, explicou Saboia.
Medidas de segurança
Para evitar afogamentos, o especialista recomendou precauções simples, mas essenciais:- Respeitar a profundidade e a correnteza; – Não ingerir bebidas alcoólicas antes de entrar na água; – Usar colete salva-vidas em embarcações; – Supervisionar crianças de perto; – Evitar áreas escorregadias, como em cachoeiras; – Não superestimar a própria capacidade de nadar.
“Água na cintura é sinal de perigo. As pessoas já devem ter atenção. Não superestimar suas capacidades de natação, não ingerir bebidas alcoólicas ou nenhum tipo de medicamento que possa comprometer as habilidades psicomotoras”, afirmou.
“Toda criança tem risco de afogamento, seja em um balde, seja em rio ou lago. Então, a criança tem que estar à distância de um braço dos pais ou responsáveis, mesmo na presença de guarda-vidas no local”, completou.
Em caso de emergência, a recomendação é acionar imediatamente o Corpo de Bombeiros pelo telefone 193
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