A Justiça de Mato Grosso do Sul (MS) condenou Thaynara Ribeiro Gomes (foto em destaque), 26 anos, a seis anos de reclusão e 10 dias-multa pelo crime de cárcere privado e envolvimento com organização criminosa. As investigações apontaram que a mulher foi responsável por acionar o tribunal do crime do Primeiro Comando da Capital (PCC), em abril de 2022, para punir Felipe Batista de Carvalho, 19, por manter um relacionamento amoroso com sua filha que, à época, tinha 11 anos.
A vítima desapareceu na noite de 16 de abril daquele ano e foi encontrada somente quatro dias depois, com mãos e pés amarrados, em estado de decomposição, na região de Vila Nova Campo Grande, área rural do município de Campo Grande (MS). A investigação concluiu que a causa da morte foi enforcamento.
Inicialmente, Thaynara, que não tinha antecedentes criminais, era investigada pelos crimes de homicídio doloso, cárcere privado e envolvimento com organização criminosa. No júri, porém, a acusada foi absolvida do crime de homicídio, sendo condenada apenas pelas demais infrações. A Justiça definiu que, a priori, a pena deve ser cumprida em regime semiaberto.
O crime
A coluna teve acesso ao processo na íntegra. Em depoimento, envolvidos no crime, testemunhas e conhecidos de Thaynara afirmaram que a mulher morava numa residência vizinha à casa da mãe de um amigo de Felipe, onde ele estava vivendo durante aquele período.
Conforme apontam os relatos, Thaynara teria tentado um envolvimento amoroso com o homem logo que ele chegou à cidade, mas Felipe não a correspondeu e nem demonstrou interesse, o que a deixou revoltada. Pouco tempo depois, a mulher teria descoberto que a vítima estava se envolvendo amorosa e sexualmente com sua filha de 11 anos, o que fez com que ela iniciasse o plano de ceifar a vida de Felipe.
Articulada
Os documentos anexados ao processo revelam que Thaynara entrou em contato com o pai de sua filha, que estava preso, e contou que a menina havia sido abusada, questionando se o homem não tomaria providências acerca do fato. De dentro da cadeia, o pai da menor articulou o assassinato e Thaynara acionou, então, os membros do PCC. Felipe passou a receber ameaças e chegou a avisar seu pai, por meio de áudios enviados por um aplicativo de mensagens, que estava sendo perseguido por ter se envolvido com uma menina “de menor”.
No dia 16 de abril, uma quarta-feira, Thaynara foi à casa da vítima e afirmou que os “irmãos” queriam vê-lo. Desde então, ele passou a ser mantido em cárcere privado e não foi mais visto pela mãe do amigo, que avisou os familiares do rapaz sobre o desaparecimento. O corpo de Felipe foi achado no dia 20 de abril, por volta das 15h, por uma pessoa que passava pelo local e acionou a polícia.
Condenação
Além de Thaynara, outros dois envolvidos no crime foram condenados em outubro de 2024. Bruno Henrique Soares Ortega e Maykon Leiva Monção foram julgados juntos e sentenciados por homicídio qualificado, cárcere privado e participação em organização criminosa.
Na sentença da mulher, Carlos Alberto Garcete, Juiz da 1ª Vara do Tribunal do Júri, destacou que os diversos relatórios policiais realizados apontaram Thaynara como sendo a pessoa que viabilizou o “julgamento” de Felipe, uma vez que ela acionou os membros do PCC e, posteriormente, entrou em contato com a vítima, afirmando que “os irmãos queriam trocar uma ideia” e o atraindo para a sua residência.
“Dessa forma, pela grande movimentação que a acusada proporcionou, dando diretrizes para diversos autores assumirem várias funções, fica evidente que Thaynara exercia grande influência na organização criminosa, de modo que a sua culpabilidade é exacerbada”, declarou o Juiz.