Sem chegar a um acordo com os credores, o Grupo Safras prepara um pedido de recuperação judicial, apurou o The AgriBiz. A medida nunca foi a preferida dos controladores — Dilceu Rossatto e Pedro Moraes Filho —, mas se tornou inevitável diante da gravidade da crise.
Com um passivo da ordem de R$ 2 bilhões, a cerealista de Mato Grosso vinha tentando remediar a situação com medidas como a entrega de armazéns arrendados — uma forma de reduzir custos e despesas. No entanto, essas medidas se mostraram insuficientes, disse uma fonte.
“A companhia ainda tem dificuldade de saber o tamanho do problema”, notou uma fonte que acompanha a crise do Grupo Safras. Internamente, a empresa já chegou a admitir que a integração com a Copagri foi caótica, com problemas no sistema de gestão que dificultaram o controle do balanço e, no fim do dia, da gestão do caixa.
Na lista de credores, a paraense Flowinvest possui a maior exposição, com mais de R$ 300 milhões em um FIDC.
Em seguida, estão Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal.
A companhia também possui um passivo relevante no mercado de capitais.
Quando assumiu a Copagri, herdou um CRA de R$ 150 milhões. Entre os investidores desses títulos, estão Vectis e Itaú Asset. O Fiagro das duas casas (VCRA11 e RURA11) possuem o CRA da Copagri no portfólio.
Com a recuperação judicial iminente, os credores do mercado de capitais também devem sofrer com um desconto sobre o valor da dívida, além do atraso nos pagamentos, até então o Grupo Safras estava adimplente com o CRA.
Ainda há muita água para rolar na recuperação judicial, mas é bem possível que os credores precisem aceitar um desconto de pelo menos 50% sobre da dívida para tentar alguma recuperação.
No mercado, há dúvida sobre a capacidade de retomada da companhia. Na melhor das hipóteses, os ativos do Grupo Safras valeriam R$ 1 bilhão, calculou uma fonte.
www.theagribiz.com