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Boa Esperança do Norte é destaque no Jornal Nacional com uma matéria que dá orgulho, assista e compartilhe!

Faltam exatamente 19 dias para as eleições municipais. É natural que esse encontro com as urnas provoque alguma ansiedade, principalmente entre os brasileiros mais jovens, os que vão votar pela primeira vez. Mas existe um lugar, no coração do Brasil, onde essa excitação com o primeiro voto contagiou todos os eleitores.

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Um cantão do Brasil que tem mais plantações do que casas. Lavouras a perder de vista. Apenas um grupo de emas se destaca na imensidão. Se Boa Esperança do Norte fosse um livro, as páginas ainda estariam em branco. A história começaria a ser escrita no dia 1º de janeiro de 2025, data da posse do prefeito, do vice-prefeito e dos nove vereadores – os primeiros da história do município.

𝐀𝐧𝐭𝐞𝐬 𝐝𝐞 𝐝𝐞𝐢𝐱𝐚𝐫 𝐬𝐮𝐚 𝐎𝐏𝐈𝐍𝐈𝐀̃𝐎 𝐨𝐮 𝐂𝐑𝐈́𝐓𝐈𝐂𝐀, 𝐟𝐚𝐜̧𝐚 𝐬𝐞𝐮 𝐏𝐈𝐗, 𝐜𝐨𝐦 𝐨 𝐯𝐚𝐥𝐨𝐫 𝐪𝐮𝐞 𝐩𝐮𝐝𝐞𝐫, 𝐞 𝐚𝐩𝐨𝐢𝐞 𝐨 𝐉𝐊𝐍𝐎𝐓𝐈𝐂𝐈𝐀𝐒.𝐂𝐎𝐌 𝐚 𝐜𝐨𝐧𝐭𝐢𝐧𝐮𝐚𝐫 𝐭𝐞 𝐝𝐞𝐢𝐱𝐚𝐧𝐝𝐨 𝐢𝐧𝐟𝐨𝐫𝐦𝐚𝐝𝐨. 𝐅𝐚𝐜̧𝐚 𝐮𝐦𝐚 𝐃𝐨𝐚𝐜̧𝐚̃𝐨 𝐩𝐞𝐥𝐚 𝐂𝐇𝐀𝐕𝐄 𝐏𝐈𝐗: 𝟐𝟖.𝟏𝟓𝟏.𝟐𝟗𝟕/𝟎𝟎𝟎𝟏-𝟎𝟓 𝐑𝐀𝐙𝐀̃𝐎 𝐒𝐎𝐂𝐈𝐀𝐋: 𝐌𝐈𝐃𝐀𝐒 𝐏𝐔𝐁𝐋𝐈𝐂𝐈𝐃𝐀𝐃𝐄 𝐄 𝐌𝐀𝐑𝐊𝐄𝐓𝐈𝐍𝐆

Já são quase 25 anos desde que o distrito tentou virar cidade. A Assembleia Legislativa de Mato Grosso criou o município em março de 2000. Mas uma ação judicial de um município vizinho emperrou o processo de emancipação. Nova Ubiratã não queria perder um pedaço das terras.

Boa Esperança do Norte (MT) se prepara para ser o caçula dos municípios brasileiros — Foto: Jornal Nacional/ Reprodução

Boa Esperança do Norte (MT) se prepara para ser o caçula dos municípios brasileiros — Foto: Jornal Nacional/ Reprodução

Depois de uma longa batalha judicial, a emancipação foi confirmada em outubro de 2023, por decisão do STF – Supremo Tribunal Federal. Agora, Boa Esperança do Norte se prepara para ser o caçula dos municípios brasileiros.

“Sou natural de Sarandi, no Rio Grande do Sul. Faz 37 anos que já moramos aqui. Vim com minha esposa e três filhos”, conta o produtor rural Moacir Zanatta.

Repórter: Quando vocês chegaram aqui, o que tinha nesse distrito?
Moacir: Não tinha nada. Tinha onze famílias. E a gente foi trabalhando de saqueiro, catador de raiz. O que aparecia, a gente ia fazendo. Porque nós chegamos aqui com pouco dinheiro.
Repórter: E hoje, lá na sua terra, o senhor planta o quê?
Moacir: Nós plantamos soja, milho, temos um gadinho.
Repórter: Quero conhecer essa fazenda. Me leva lá?

“Tinha água, mas era precária. Luz era a motor. Aí depois chegou a energia, chegou o telefone, chegou o asfalto”, conta Joelso Eugênio Zanatta, filho de Moacir.

Repórter: Aqui na fazenda vocês têm uma relíquia? É isso mesmo?
Moacir: Ah, tem. Essa é a relíquia que nós começamos no Mato Grosso.
Repórter: Quando o senhor olha tudo isso aqui, o que o senhor sente?
Moacir: Sinto muito orgulho. Muita alegria.

Boa Esperança do Norte: terras já produzem quase 4 milhões de toneladas de algodão, soja e milho por ano — Foto: Jornal Nacional/ Reprodução

Boa Esperança do Norte: terras já produzem quase 4 milhões de toneladas de algodão, soja e milho por ano — Foto: Jornal Nacional/ Reprodução

Boa Esperança do Norte fica a mais de 350 km de Cuiabá. Basta uma pesquisa rápida na internet para encontrar informações básicas sobre Boa Esperança do Norte já com características de município. A gente vê, por exemplo, dados sobre a área. Boa Esperança do Norte tem aproximadamente 4.700 km². A população estimada é de cerca de 9 mil habitantes. E a principal atividade, como tudo na região, gira em torno do agronegócio.

Boa Esperança do Norte é muito mais do que um ponto no mapa. As terras já produzem quase 4 milhões de toneladas de algodão, soja e milho por ano. Têm 470 empresas. O novo mapa vai ficar assim: 80% das terras vieram de Nova Ubiratã; e 20%, do município de Sorriso, responsável pela gestão de Boa Esperança até 31 de dezembro de 2024.

“A criação de um município é como o nascimento de uma criança. Envolve alegria, expectativa, mas muita responsabilidade”, afirma Edilene Lôbo, ministra do Tribunal Superior Eleitoral.

Durante três dias, o Jornal Nacional visitou a região. Era período de entressafra. O céu vermelho: sinal de que a fumaça das queimadas já chegou por lá.

O produtor rural Adão Gonçalves tem uma pequena propriedade. Ganhou o lote em um assentamento de reforma agrária 24 anos atrás. Ele e o filho fazem de tudo um pouco para aumentar a renda, que ainda é pequena.

“A gente faz salame, vende ovos, vende frango caipira, mel. Precisa de muita coisa ainda. Muita coisa está faltando”, diz.

O mecânico Cleison Oliveira de Souza e a dona de casa Estefani Tayana de Souza estão em Boa Esperança há 10 anos. Têm três filhos.

“A gente espera que dê uma alavancada. Que seja, como diz, um começo avassalador”, diz Cleison.

José, o filho mais velho, é autista.

Repórter: Quando precisa de uma coisa mais urgente, mais complexa, o que você faz?
Cleison: A gente procura recurso fora, porque a gente não tem muito recurso aqui.
Estefani: Na cidade grande tem neuro, as terapias para ele. E eu espero que tenha, para o desenvolvimento dele melhorar.

Os moradores dizem que a sede administrativa de Sorriso fica muito longe de Boa Esperança. Esse foi um dos principais argumentos para a emancipação.

“Não temos os especialistas, tipo obstetra. Então, tem que ficar se encaminhando até Sorriso, que são 130 km daqui”, diz a enfermeira Simoni Hartmann.

Estar próximo do morador é tarefa da administração municipal.

“Educação pública, infantil e o ensino fundamental são basicamente funções das prefeituras. No Sistema Único de Saúde, o primeiro atendimento, o atendimento direto à população, é feito nos postos de saúde e hospitais municipais. Transporte público local, de passageiros, tem caráter essencial, é também competência dos municípios”, afirma diz Gustavo Binenbojm, professor titular de Direito – UERJ.

Mas a cada novo município, uma nova estrutura de máquina pública é criada – com prefeitura, câmara de vereadores, novos cargos.

“Quando a criação do município é legítima para uma demanda popular correta, sincera, é um custo inerente à democracia. É ruim quando a criação do município atende apenas a interesses eleitoreiros e paroquiais, aumentando gastos sem uma contrapartida em serviços para a população”, diz diz Gustavo Binenbojm.

Com Boa Esperança do Norte no mapa, o Brasil terá 5.569 municípios – 75% deles dependem de recursos federais, do Fundo de Participação dos Municípios, para se sustentar.

“A gente tem sérias restrições orçamentárias para a maioria dos municípios brasileiros. A mensagem que fica para os prefeitos e prefeitas que estão assumindo agora é : necessário ter responsabilidade fiscal, tentar melhorar a poupança dos seus municípios e assim garantir investimentos para suas cidades”, diz Jeconias Junior, da Frente Nacional de Prefeitos e Prefeitas.

“Voto é poder. Voto é oportunidade de decidir, de escolher. Então, o voto tem um potencial fundamental para operar a transformação nas cidades”, afirma a ministra Edilene Lôbo.

“Não vendo meu voto. Não vendo. Eu não tenho estudo, nem assinar meu nome eu sei. Se você é candidato a prefeito ou a vereador e pedir o voto, eu não me vendo por dinheiro nenhum”, afirma Raimundo Nonato, autônomo.

“As eleições municipais têm uma relevância fundamental para o incremento da democracia no nível mais básico, que é a relação direta possível entre prefeitos e vereadores e cidadãos. É onde a democracia é mais visível. E seu sucesso é fundamental para a melhoria da qualidade da democracia praticada no país”, diz Gustavo Binenbojm.

Repórter: O que você acha que vai acontecer lá no dia da votação, de frente para a urna? Você acha que vai tremer na base? O que você acha?
Joelso Eugênio Zanatta: Sempre treme. É diferente, uma coisa que nunca aconteceu. É uma emoção muito grande.


Repórter: Você já tinha se dado conta que está carregando um dos primeiros cidadãos de Boa Esperança do Norte?
Simone: Não tinha.
Repórter: Seu filho ou sua filha e a cidade vão estar crescendo juntos?
Simone: Por isso a preocupação, também, que a gente tem com esse lugar. Que seja um lugar promissor.

“Eu vejo esse novo município, essa criança, essa página em branco, podendo trazer para o Brasil mais esperança, como seu nome diz”, afirma a ministra Edilene Lôbo.

O horizonte não está mais distante. Os moradores já se enxergam nos primeiros capítulos do livro do mais novo município do Brasil.

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