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Maduro “vence” eleições na Venezuela e fica no poder até 2030

O presidente venezuelano Nicolás Maduro venceu as eleições presidenciais do país deste domingo, em um pleito histórico e o mais difícil para o chavismo em 25 anos de poder. O resultado foi anunciado pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE) na madrugada desta segunda-feira, com 80% das urnas apuradas e 59% de comparecimento. Segundo o órgão eleitoral, o atual mandatário recebeu mais de 5,1 milhões de votos, cerca de 51%, para a sua reeleição, contra 49%, cerca de 4,4 milhões, do candidato opositor, Edmundo González.

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Antes mesmo dos resultados oficiais, os dois lados da disputa se diziam vitoriosos a partir de suas próprias pesquisas de boca de urna, proibidas no país. O horário previsto de encerramento da votação, às 19h de Brasília, ainda nem havia se encerrado quando representantes do governo do presidente Nicolás Maduro, candidato à reeleição, o candidato opositor, Edmundo González Urrutia, e a principal líder opositora, María Corina Machado, usaram expressões como “estamos muito satisfeitos com os resultados”.

𝐀𝐧𝐭𝐞𝐬 𝐝𝐞 𝐝𝐞𝐢𝐱𝐚𝐫 𝐬𝐮𝐚 𝐎𝐏𝐈𝐍𝐈𝐀̃𝐎 𝐨𝐮 𝐂𝐑𝐈́𝐓𝐈𝐂𝐀, 𝐟𝐚𝐜̧𝐚 𝐬𝐞𝐮 𝐏𝐈𝐗, 𝐜𝐨𝐦 𝐨 𝐯𝐚𝐥𝐨𝐫 𝐪𝐮𝐞 𝐩𝐮𝐝𝐞𝐫, 𝐞 𝐚𝐩𝐨𝐢𝐞 𝐨 𝐉𝐊𝐍𝐎𝐓𝐈𝐂𝐈𝐀𝐒.𝐂𝐎𝐌 𝐚 𝐜𝐨𝐧𝐭𝐢𝐧𝐮𝐚𝐫 𝐭𝐞 𝐝𝐞𝐢𝐱𝐚𝐧𝐝𝐨 𝐢𝐧𝐟𝐨𝐫𝐦𝐚𝐝𝐨. 𝐅𝐚𝐜̧𝐚 𝐮𝐦𝐚 𝐃𝐨𝐚𝐜̧𝐚̃𝐨 𝐩𝐞𝐥𝐚 𝐂𝐇𝐀𝐕𝐄 𝐏𝐈𝐗: 𝟐𝟖.𝟏𝟓𝟏.𝟐𝟗𝟕/𝟎𝟎𝟎𝟏-𝟎𝟓 𝐑𝐀𝐙𝐀̃𝐎 𝐒𝐎𝐂𝐈𝐀𝐋: 𝐌𝐈𝐃𝐀𝐒 𝐏𝐔𝐁𝐋𝐈𝐂𝐈𝐃𝐀𝐃𝐄 𝐄 𝐌𝐀𝐑𝐊𝐄𝐓𝐈𝐍𝐆

Apoiadores do chavismo começaram a se reunir nos arredores do Palácio de Miraflores, sede da Presidência em Caracas, horas antes do anúncio do resultado pelo CNE após Jorge Rodríguez, ex-presidente e chefe da campanha de Maduro à reeleição, ter indicado uma vitória em coletiva.

— Pacientemente esperaremos o boletim do Conselho Nacional Eleitoral (CNE), mas imediatamente após ser emitido o boletim, nós os esperaremos vocês sabem onde para encontrar vocês quem — disse Rodríguez, apontando para o boné que usava com o símbolo de “Gallo Pinto”, usado pela campanha para representar Maduro.

Por outro lado, dirigentes da oposição passaram o dia reforçado aos seus apoiadores para que não abandonassem as seções eleitorais, denunciando supostas irregularidades no acesso aos boletins das urnas, além do bloqueio de testemunhas na contagem de votos. Segundo o grupo, eles tiveram acesso a apenas 30% dos boletins das urnas.

— Venezuelanos, continuem em seus centros de votação em vigília. Lutamos todos estes anos para este dia, estes são os minutos crucias, as horas decisivas. Necessitamos que todos os venezuelanos estejam nos seus centros de votação acompanhando — destacou a líder María Corina logo após o fechamento das urnas. — Você, cidadão eleitor, tem direito de participar da apuração, que é publica. Ninguém saia da seção sem o boletim [de votos].

Paralelamente, analistas, consultores, jornalistas e aliados internacionais dos dois principais candidatos divulgavam pesquisas de boca de urna (não legais no país) com resultados opostos. As da oposição apontavam vantagens de até 30 pontos percentuais para González. Do lado chavista, projeções que circulavam em redes sociais e grupos de WhatsApp mostravam diferença a favor de Maduro de até 10 pontos.

Conta não fecha

Um analista local com acesso privilegiado aos dois lados disse ao GLOBO que “o governo diz que ganha por meio milhão de votos enquanto a oposição por dois milhões”, acrescentando: “Ainda estamos recebendo os dados, mas os chavistas começaram a ficar preocupados.” O único dado compartilhado pelos dois lados era o percentual de participação eleitoral em torno de 60%, considerado expressivo pela oposição, mas abaixo dos 70% esperados.

Em 2013, quando Maduro foi eleito pela primeira vez, com vantagem de apenas dois pontos percentuais sobre o segundo colocado, Henrique Capriles, cerca de 80% dos eleitores votaram. Uma participação mais baixa — o que faz sentido, já que a grande maioria dos cerca de 4 milhões de eleitores vivendo fora do país foram impedidos de se registrar — poderia favorecer o chavismo. Por outro lado, a insatisfação social com o governo Maduro é fator que analistas próximos à oposição consideravam que teria favorecido o voto em González.

— Estamos mais do que satisfeitos com as expectativas que temos em relação aos resultados — declarou o candidato mais forte da oposição, ao lado de María Corina.

Ambos pediram aos venezuelanos que permanecessem nos centros de votação para acompanhar o processo de apuração dos votos.

— Lutamos todos estes anos para este dia (chegar), e esses são os minutos cruciais, as horas decisivas — disse María Corina, em apelo à sociedade civil e aos chamados “comanditos”, grupos de voluntários organizados para monitorar a atuação dos funcionários do CNE em cada centro de votação.

A líder da oposição seguiu:

— Já estamos recebendo as atas de votação. Todo venezuelano tem direito a acompanhar a apuração.

Já o deputado Diosdado Cabello, presidente do Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV) e número dois do chavismo, assegurou que “a alegria do povo contrasta com a amargura dos porta-vozes da direita. O CNE dará seus números, e vamos esperar. Cantaremos o hino nacional”.

Os poucos observadores internacionais no país, como o Centro Carter e as Nações Unidas, adiantaram extraoficialmente que considerariam válidos os resultados. A vice-presidente dos Estados Unidos e candidata governista à sucessão de Joe Biden, Kamala Harris, escreveu na rede social X que “Os EUA estão ao lado do povo da Venezuela, que expressou sua voz na histórica eleição presidencial de hoje. A vontade do povo venezuelano deve ser respeitada. Apesar dos muitos desafios, continuaremos a trabalhar em prol de um futuro mais democrático, próspero e seguro para os venezuelanos”.

Eleições na Venezuela

Cenário complexo

A Venezuela mergulhou em cenário extremamente complexo. O assessor internacional da Presidência da República, Celso Amorim, em Caracas desde sexta-feira, afirmou através de nota enviada pelo WhatsApp que “é motivo de satisfação que a jornada tenha transcorrido sem incidentes. O presidente Lula vem sendo informado ao longo do dia. Vamos aguardar os resultados finais e esperamos que sejam respeitados por todos os candidatos”.

Após jornada eleitoral tranquila, alguns episódios começaram a causar preocupação entre opositores. O mais importante foi o veto às chamadas “testemunhas” da Plataforma Unitária, de González, de acessar o processo de contagem das atas de votação na sede do CNE, em Caracas. No entanto, na coletiva com o candidato, María Corina disse que o comando de campanha opositor “está recebendo as atas de votação”.

A jornada eleitoral começou muito antes de que os centros de votação de todo o pais abrissem suas portas, às 7h na capital venezuelana. Milhares de pessoas, em sua maioria eleitores da oposição, passaram mais de dez horas esperando o início da votação. Isso levou a uma concentração de eleitores nas primeiras horas de votação, único momento em que foram registradas filas nas principais cidades do país.

Após votar, María Corina saudou “todos os venezuelanos, os que estamos aqui e os que neste momento estão fora da Venezuela ansiosos por voltar”, em referência à diáspora estimada em entre 5 milhões e 9 milhões de pessoas. Já Maduro, que votou mais cedo, disse que reconheceria o “árbitro eleitoral”, ou seja, o CNE. E González assegurou que “estamos preparados para defender até o último voto”, fazendo um chamado ao Exército:

— Confiamos nas nossas Forças Armadas para respeitar a decisão do nosso povo.

O GLOBO

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