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Itanhangá: Incra e PF “tomam” terras de assentados e comércios fecham as portas em protesto a reintegração de posse

Itanhangá vive um momento de grande tensão e frustração. Na manhã desta quarta-feira (24.07), o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA), com apoio da Polícia Federal, deu um prazo de 24 horas para que os assentados desocupassem as terras que abriram e tornaram produtivas ao longo dos últimos 15 anos.

𝐀𝐧𝐭𝐞𝐬 𝐝𝐞 𝐝𝐞𝐢𝐱𝐚𝐫 𝐬𝐮𝐚 𝐎𝐏𝐈𝐍𝐈𝐀̃𝐎 𝐨𝐮 𝐂𝐑𝐈́𝐓𝐈𝐂𝐀, 𝐟𝐚𝐜̧𝐚 𝐬𝐞𝐮 𝐏𝐈𝐗, 𝐜𝐨𝐦 𝐨 𝐯𝐚𝐥𝐨𝐫 𝐪𝐮𝐞 𝐩𝐮𝐝𝐞𝐫, 𝐞 𝐚𝐩𝐨𝐢𝐞 𝐨 𝐉𝐊𝐍𝐎𝐓𝐈𝐂𝐈𝐀𝐒.𝐂𝐎𝐌 𝐚 𝐜𝐨𝐧𝐭𝐢𝐧𝐮𝐚𝐫 𝐭𝐞 𝐝𝐞𝐢𝐱𝐚𝐧𝐝𝐨 𝐢𝐧𝐟𝐨𝐫𝐦𝐚𝐝𝐨. 𝐅𝐚𝐜̧𝐚 𝐮𝐦𝐚 𝐃𝐨𝐚𝐜̧𝐚̃𝐨 𝐩𝐞𝐥𝐚 𝐂𝐇𝐀𝐕𝐄 𝐏𝐈𝐗: 𝟐𝟖.𝟏𝟓𝟏.𝟐𝟗𝟕/𝟎𝟎𝟎𝟏-𝟎𝟓 𝐑𝐀𝐙𝐀̃𝐎 𝐒𝐎𝐂𝐈𝐀𝐋: 𝐌𝐈𝐃𝐀𝐒 𝐏𝐔𝐁𝐋𝐈𝐂𝐈𝐃𝐀𝐃𝐄 𝐄 𝐌𝐀𝐑𝐊𝐄𝐓𝐈𝐍𝐆

O Projeto de Assentamento da Reforma Agrária Itanhangá, que inicialmente recebeu cerca de 1.140 famílias em 1995, será retomado pelo INCRA. A área de 115.035 hectares foi, em grande parte, transformada em grandes fazendas por grupos de aproximadamente 80 grandes produtores rurais e grileiros profissionais. Essa transformação é alvo de uma ação judicial impetrada na Justiça Federal para reintegração de posse em favor da União, com base em investigações realizadas ao longo de 10 anos pela Polícia Federal.

As investigações, que culminaram na Operação Terra Prometida em 2014, apuraram vários supostos tipos de crimes no Projeto de Assentamento Itanhangá. Segundo a Polícia Federal, a maioria dos assentados originais abandonou seus lotes, restando apenas 10% ainda na área. Os outros lotes foram ilegalmente incorporados por grandes fazendeiros.

A decisão de reintegração de posse gerou grande insatisfação entre as famílias que passaram décadas trabalhando arduamente para transformar a terra em áreas produtivas. Muitas dessas famílias estão sendo despejadas, e a situação na cidade se deteriorou rapidamente. Um clima de guerra se instaurou, exigindo reforço policial. Comércios locais fecharam as portas em protesto contra a reintegração de posse.

A frustração dos ocupantes é palpável. “Nós sofremos por 15 anos para abrir essa terra, transformá-la em algo produtivo, e agora tudo está sendo tomado de nós”, declarou um dos assentados. A ação do INCRA, embora legalmente respaldada, deixou um sentimento de injustiça e abandono entre aqueles que dedicaram suas vidas a essas terras.

A situação se desenrola há anos, alimentada por denúncias de pessoas que acreditam que os sitiantes que passaram a vida toda abrindo terra, sofrendo e se endividando para torná-las produtivas são ricos e não precisam das terras.

Nas redes sociais, a revolta de cidades próximas aumentou ainda mais após a divulgação de um vídeo em que as terras tomadas estão sendo sorteadas pelo INCRA para novas famílias da reforma agrária em potes de sorvete. A maneira como esse processo está sendo conduzido intensificou a sensação de desrespeito e indignação entre os antigos ocupantes.

A Procuradoria-Geral Federal e a Advocacia Geral da União (AGU) justificam a ação com base nas investigações que revelaram irregularidades e crimes, mas para os ocupantes e a população de Itanhangá os fatos apurados são mentira, “só quem viveu a vida inteira aqui sabe a realidade” disse um popular. O sentimento predominante é de revolta e desilusão. A cidade de Itanhangá está em um estado de incerteza, aguardando os próximos desdobramentos dessa conturbada situação.

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