PolíticaSaúde

Leis querem proibir a criação de cães de focinho curto shih tzu, pug e buldogue

Ao menos dois projetos de lei apresentados à Câmara dos Deputados querem proibir a criação e venda de animais braquicefálicos, que são aqueles de focinho curto, como shih tzu, pug e buldogue.

A proposta mais dura em discussão sugere que a violação da proibição seja punida conforme a Lei de Crimes Ambientais, que estipula pena de prisão de três meses a um ano, além de multa.

𝐀𝐧𝐭𝐞𝐬 𝐝𝐞 𝐝𝐞𝐢𝐱𝐚𝐫 𝐬𝐮𝐚 𝐎𝐏𝐈𝐍𝐈𝐀̃𝐎 𝐨𝐮 𝐂𝐑𝐈́𝐓𝐈𝐂𝐀, 𝐟𝐚𝐜̧𝐚 𝐬𝐞𝐮 𝐏𝐈𝐗, 𝐜𝐨𝐦 𝐨 𝐯𝐚𝐥𝐨𝐫 𝐪𝐮𝐞 𝐩𝐮𝐝𝐞𝐫, 𝐞 𝐚𝐩𝐨𝐢𝐞 𝐨 𝐉𝐊𝐍𝐎𝐓𝐈𝐂𝐈𝐀𝐒.𝐂𝐎𝐌 𝐚 𝐜𝐨𝐧𝐭𝐢𝐧𝐮𝐚𝐫 𝐭𝐞 𝐝𝐞𝐢𝐱𝐚𝐧𝐝𝐨 𝐢𝐧𝐟𝐨𝐫𝐦𝐚𝐝𝐨. 𝐅𝐚𝐜̧𝐚 𝐮𝐦𝐚 𝐃𝐨𝐚𝐜̧𝐚̃𝐨 𝐩𝐞𝐥𝐚 𝐂𝐇𝐀𝐕𝐄 𝐏𝐈𝐗: 𝟐𝟖.𝟏𝟓𝟏.𝟐𝟗𝟕/𝟎𝟎𝟎𝟏-𝟎𝟓 𝐑𝐀𝐙𝐀̃𝐎 𝐒𝐎𝐂𝐈𝐀𝐋: 𝐌𝐈𝐃𝐀𝐒 𝐏𝐔𝐁𝐋𝐈𝐂𝐈𝐃𝐀𝐃𝐄 𝐄 𝐌𝐀𝐑𝐊𝐄𝐓𝐈𝐍𝐆

Os tutores atuais de cães dessas raças não seriam impactados pela lei, caso seja aprovada pelo Congresso Nacional e sancionada pelo Executivo.

As justificativas das propostas se baseiam nas condições de saúde desses animais, pois cães braquicefálicos têm mais chances de já nascerem com uma condição chamada Síndrome Braquicefálica, que afeta as vias respiratórias. Isso inclui problemas como narinas estreitas e uma traqueia subdesenvolvida, que é responsável por filtrar, umedecer e direcionar o ar para os pulmões.

Na mesma linha, a deputada Duda Salabert (PDT-MG) também propôs um projeto de lei para proibir a criação e comercialização das raças. Ao justificar a proposta, ela menciona a experiência da Holanda, que em 2014 introduziu uma legislação proibindo raças de cães com focinho achatado.

“Muitas vezes, essa forma de criação seletiva ignora os aspectos de saúde e bem-estar do animal e pode levar ao desenvolvimento de características físicas prejudiciais”, afirma a deputada, emendando que as pessoas que já são proprietários de cachorros braquicefálicos não serão afetadas pela lei.

Aparência infantil

A médica veterinária Jaque Sousa explica que essas raças surgiram de criadores que realizavam cruzamentos com o objetivo de produzir cães com focinhos cada vez menores, acreditando que isso os tornaria mais bonitos ou que as pessoas se apegariam mais a eles por terem uma aparência infantil.

Essas práticas são frequentemente rotuladas como “melhoramento genético”, mas, no caso desses cães, resultaram no que a comunidade veterinária chama popularmente de “pioramento genético”.

“É nítido o sofrimento dos braquicefálicos. Por terem o focinho muito mais curto, eles não conseguem umedecer o oxigênio que chega aos pulmões com a mesma eficiência que um cão de focinho maior faria. Além disso, as doenças associadas a esses cães, resultantes dessa mistura de raças de focinhos cada vez menores, têm deixado esses animais deformados. Eles começam a nascer com o focinho muito estreito, o que torna o espaço por onde o ar entra estreitado”, disse Jaque Sousa, médica veterinária

“Adicionalmente, esses cães podem sofrer de colapso traqueal, onde o tubo que leva o oxigênio aos pulmões se torna mais flácido, fazendo com que, ao inspirar, seja como sugar um canudinho com muita força, o que pode resultar no colapso da traqueia”, completa.

Além disso, a médica veterinária esclarece que esses cães braquicefálicos frequentemente sofrem de outras doenças devido aos excessos de cruzamentos.

“Quando essa seleção é feita sem critério, acabamos escolhendo características não saudáveis para os cães. Como resultado, é comum observarmos problemas de pele, cardíacos e oculares, que muitas vezes podem levar à perda de um dos olhos ao longo da vida.”

A especialista considera a discussão sobre a saúde dos braquicefálicos válida, mas tem dúvidas se a proibição da venda e criação desses cães seria o método mais eficaz. Em vez disso, ela sugere que uma regulamentação da criação de cães, com critérios rigorosos, poderia ajudar a evitar certos problemas de saúde.

“Também é necessário que as pessoas sejam orientadas sobre a compra desses cães. Muita gente não tem noção de quais possíveis problemas um cão braquicefálico pode ter, não é normal um cachorro ficar sufocado e com dificuldade para respirar”, afirma Jaque Sousa.

Como aqui no Brasil estamos distantes da realidade de não ter mais cães braquicefálicos, é preciso que as pessoas saibam que há soluções cirúrgicas, como abertura da narina e cirurgia de palato. Por isso, é importante buscar orientação sobre as formas de dar qualidade de vida ao animal.

Jaque Sousa, médica veterinária

No caso do projeto de lei do deputado Nilton Tatto, ainda se aguarda um despacho da Câmara dos Deputados para dar continuidade ao processo. Quanto à proposta de Salabert, essa foi incluída em outro projeto de lei datado de 2007, que estabelece o Código Federal de Bem-Estar Animal. No entanto, desde então, essa proposta está à espera da formação de uma comissão para análise.

R7

Faça sua denúncia, envie através de nosso WhatsApp, Fotos, Vídeos. Seus dados pessoais estarão protegidos, nos termos da Lei 13.460/2017. +55 66 99982-8122.

Postagens Relacionadas