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Juiz absolve zelador que colocou mão dentro da calcinha de estudante; “menos de 10 segundos não conta como assédio”

Se uma agressão durar menos de 10 segundos, conta como assédio sexual?

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Muitos jovens na Itália estão expressando sua indignação nas redes sociais após um juiz inocentar um zelador de escola que apalpou uma adolescente, porque a agressão durou poucos segundos.

𝐀𝐧𝐭𝐞𝐬 𝐝𝐞 𝐝𝐞𝐢𝐱𝐚𝐫 𝐬𝐮𝐚 𝐎𝐏𝐈𝐍𝐈𝐀̃𝐎 𝐨𝐮 𝐂𝐑𝐈́𝐓𝐈𝐂𝐀, 𝐟𝐚𝐜̧𝐚 𝐬𝐞𝐮 𝐏𝐈𝐗, 𝐜𝐨𝐦 𝐨 𝐯𝐚𝐥𝐨𝐫 𝐪𝐮𝐞 𝐩𝐮𝐝𝐞𝐫, 𝐞 𝐚𝐩𝐨𝐢𝐞 𝐨 𝐉𝐊𝐍𝐎𝐓𝐈𝐂𝐈𝐀𝐒.𝐂𝐎𝐌 𝐚 𝐜𝐨𝐧𝐭𝐢𝐧𝐮𝐚𝐫 𝐭𝐞 𝐝𝐞𝐢𝐱𝐚𝐧𝐝𝐨 𝐢𝐧𝐟𝐨𝐫𝐦𝐚𝐝𝐨. 𝐅𝐚𝐜̧𝐚 𝐮𝐦𝐚 𝐃𝐨𝐚𝐜̧𝐚̃𝐨 𝐩𝐞𝐥𝐚 𝐂𝐇𝐀𝐕𝐄 𝐏𝐈𝐗: 𝟐𝟖.𝟏𝟓𝟏.𝟐𝟗𝟕/𝟎𝟎𝟎𝟏-𝟎𝟓 𝐑𝐀𝐙𝐀̃𝐎 𝐒𝐎𝐂𝐈𝐀𝐋: 𝐌𝐈𝐃𝐀𝐒 𝐏𝐔𝐁𝐋𝐈𝐂𝐈𝐃𝐀𝐃𝐄 𝐄 𝐌𝐀𝐑𝐊𝐄𝐓𝐈𝐍𝐆

O caso envolve uma estudante de 17 anos em uma escola secundária de Roma.

Ela descreveu subir uma escada para a aula com um amigo, quando sentiu suas calças caírem, uma mão tocando suas nádegas e agarrando sua calcinha.

“Amor, você sabe que eu estava brincando”, o homem disse a ela quando ela se virou.

Após o incidente, ocorrido em abril de 2022, a estudante denunciou o zelador Antonio Avola, de 66 anos, à polícia.

Ele admitiu ter apalpado a aluna sem consentimento, mas disse que era uma brincadeira.

Um promotor público de Roma pediu uma sentença de três anos e meio de prisão, mas nesta semana o zelador foi absolvido das acusações de agressão sexual. Segundo os juízes, o ocorrido “não configura crime” porque durou menos de 10 segundos.

Desde a decisão, a expressão palpata breve (apalpada rápida, em tradução livre) viralizou no Instagram e no TikTok na Itália, junto com a hashtag #10secondi.

Os italianos postaram vídeos olhando para a câmera em silêncio e tocando suas partes íntimas por 10 segundos seguidos.

Camilla postou este vídeo em referência à absolvição do zelador, com a citação: 'Apalpada durou apenas 10 segundos' — Foto: REPRODUÇÃO/INSTAGRAM

Camilla postou este vídeo em referência à absolvição do zelador, com a citação: ‘Apalpada durou apenas 10 segundos’ — Foto: REPRODUÇÃO/INSTAGRAM

Os vídeos são frequentemente desconfortáveis de assistir, mas têm o objetivo de mostrar o quão longos podem ser 10 segundos.

A primeira postagem foi feita pelo ator Paolo Camilli, da série White Lotus, e desde então milhares de pessoas seguiram o exemplo.

Outro vídeo foi republicado por Chiara Ferragni, a influenciadora digital mais famosa da Itália, que tem 29,4 milhões de seguidores no Instagram.

Outro influenciador, Francesco Cicconetti, escreveu no TikTok: “Quem decide que 10 segundos não é muito tempo? Quem cronometra os segundos, enquanto você está sendo assediado?”

“Os homens não têm o direito de tocar no corpo das mulheres, nem por um segundo – muito menos 5 ou 10.”

Ele segue dizendo que a decisão dos juízes de absolver o zelador mostra como o assédio sexual é normalizado na sociedade italiana.

Uma postagem na conta no Instagram da startup de comunicação focada em mulheres jovens Freeda diz: “Esta sentença é absurda. A duração do assédio não deve diminuir sua gravidade.”

De acordo com os juízes, o zelador não se demorou. Ele apalpou a adolescente apenas brevemente, realizando uma “manobra esquisita sem luxúria”.

“Os juízes decidiram que ele estava brincando? Bem, não era brincadeira para mim”, disse a estudante ao jornal italiano Corriere della Sera.

“O zelador veio por trás sem dizer nada. Ele colocou as mãos por dentro da minha calça e dentro da minha calcinha.”

“Ele apalpou meu bumbum. Então, ele me puxou para cima – machucando minhas partes íntimas. Para mim, isso não é uma piada. Não é assim que um velho deve ‘brincar’ com uma adolescente.”

“Esses poucos segundos foram mais do que suficientes para o zelador me fazer sentir suas mãos em mim.”

Ela diz que se sente duplamente traída – por sua escola e pelo sistema de justiça.

“Começo a achar que errei ao confiar nas instituições. Isso não é justiça.”

A estudante teme que a decisão dos juízes desestimule meninas e mulheres de denunciarem ao serem submetidas a ataques do tipo.

Dados recentes da Agência de Direitos Fundamentais (FRA, na sigla em inglês) da União Europeia sugerem que 70% das mulheres italianas que sofreram assédio entre 2016 e 2021 não denunciaram o incidente.

“Eles vão sentir que não vale a pena denunciar o abuso. Mas é importante, porque o silêncio protege os agressores”, diz a estudante.

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